domingo, 6 de julho de 2014

contribuição de Weber para o método sociológico

Max Weber contribuiu para o desenvolvimento metodológico e científico das ciências sociais, partindo da concepção de que a realidade empírica dos diferentes grupos e processos sociais são inúmeros. Nesse caso,  faz-se necessário um recorte de parte da realidade, pois o cientista não consegue, por mais que se empenhe, dar conta da totalidade do fato, bem como suas diversas modalidades e aspectos que os envolvem. Segundo Weber, o primeiro passo metodológico em um trabalho investigativo, é compreender que em uma pesquisa sempre haverá “doses” de subjetividade oscilando entre os valores e significados que este pesquisador carrega em sua bagagem cultural e que o faz desenvolver determinado ponto de vista ao invés de outro, definir um tema ou objeto para investigar. Com isso, o autor orienta o cientista social que não existe nas ciências sociais neutralidade absoluta.
No entanto, diante desses esclarecimentos iniciais, isso não quer dizer que a objetividade nas ciências sociais não seja possível, mas sim que todo trabalho desenvolvido remete à um ponto inicial onde envolve valores subjetivos não eliminados. Weber sugere cautela, pois como não é possível despojar-se totalmente da subjetividade a postura mais coerente é apegar-se aos procedimentos metodológicos que são racionais e lógicos na produção do conhecimento. O método confere critérios rigorosos capazes de conduzir a pesquisa a maior objetividade. Com o método científico, interesses pessoais e valores subjetivos são mitigados através dos seguintes procedimentos: rigor, distanciamento, fidelidade aos fatos, etc., distinguindo juízo de fato do juízo de valor.

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Crítica de Franz Boas ao Evolucionismo cultural








O antropólogo Franz Boas refutou a premissa de superioridade biológica do homem civilizado sobre os povos primitivos, criticou o método comparativo utilizado pelos evolucionistas que se baseavam nas semelhanças dos fenômenos etnológicos, encontrados nas mais distintas regiões do mundo



O autor explica que em virtude dos encontros culturais, das migrações e de influências diversas, cada sociedade apresentaria desenvolvimentos históricos particulares. A grande lacuna deixada pelos evolucionistas foi estabelecer comparações sem apresentar comprovação. A teoria evolucionista era a lente pela qual se viam os povos não-ocidentais ou não-europeus como “selvagens,”em estágio atrasado na escala linear da evolução humana. Boas encarava essas concepções como uma camisa de força que impedia o conhecimento indutivo.









Os estudos de Franz Boas, dentre outros, foram pioneiros para o desenvolvimento do método etnográfico, pois propunha o conhecimento da História cultural de cada povo. A antropologia moderna herdará essa perspectiva da diversidade cultural dos povos, de uma pluralidade de culturas. O método etnográfico concebe o pesquisador como homem de campo que observa, coleta e analisa procurando entender a totalidade. O olhar etnográfico refuta o etnocentrismo.




Figua: Disponível em https://www.google.com.br/search?q=imagens+antropologia&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=89qZU66CHeq0sQT51IDoCQ&ved=0CDUQ7Ak&biw=1280&bih=869 acesso em 12/06/14.

Fichamento do texto “A Ciência da Cultura” de Edward Burnett Tylor


a) Título:  Evolucionismo cultural: textos de Morgan, Tylor e Frazer

b) Autor: Celso de Castro

c) Dados da publicação: seleção, apresentação e revisão por Celso de Castro; tradução de Maria Lúcia de Oliveira. Rio de Janeiro: Jorge Zarah, 2005.

d) Objetivos do autor neste texto:
Oferecer uma compreensão das leis da natureza humana sem a lente dos pressupostos teologais ou metafísicos (p.32)abordando estudos sobre as várias culturas e os diferentes estágios a que passaram essas civilizações (p.35); O autor oferece uma definição de cultura como sendo algo adquirido pelo fato do homem viver em sociedade. Assim, o homem absorve do meio em que vive várias construções sociais como ideias, moralidade, costume, religião, linguagem, etc.

Segundo Celso de Castro, os estudos sobre cultura além de investigar a situação da cultura entre as várias sociedades,[...]sintetizam idéias-chave de teoria e método característicos do evolucionismo cultural. No entanto, por questões de limitação do método comparativo das análises “ Existe  pouca necessidade  de  se  respeitar,  em  tais  comparações,  data  na  história  ou  lugar  no  mapa [...]; Nesse caso, o trabalho do etnólogo seria classificar detalhadamente vários aspectos de cada complexo cultural.

Para Tylor a cultura deve ser tomada como ciência do homem conforme o modelo das ciências naturais.

e) Destaque dos principais pontos do texto, trazendo as definições do autor e as páginas correspondentes aos seguintes conceitos:

Cultura:
Cultura ou Civilização, tomada em seu mais amplo sentido etnográfico, é aquele todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costume e quaisquer outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem na condição de membro da sociedade (p. 31).

- Sobrevivências culturais:
Trata-se de processos, costumes,  opiniões, e assim por diante, que, por força do hábito, continuaram a existir num novo estado de sociedade diferente daquele no qual tiveram sua origem, e então permanecem como provas e exemplos de uma condição mais antiga de cultura que evoluiu  em  uma  mais  recente.(p.40).
Observa-se que a alguns costumes antigos que se mantém-se vivo na modernidade pode explicar a existência de uma transição de uma sociedade bem como sua evolução no tempo. Esses aspectos culturais que permanecem vivos diante dos avanços tecnológicos são conhecidos como “sobrevivências culturais” de um período étnico que pode ter sido fundado na selvageria ou na barbárie no curso do desenvolvimento histórico – principal ponto de partida da pesquisa etnográfica. As sobrevivências culturais são dos mais variados exemplos como ditados populares, crenças, jogos, costumes, supertições.

Evolucionismo cultural


Para os evolucionistas, as diferenças culturais eram compreendidas não a partir da alteridade dos povos, mas conclusivamente como estágios históricos onde cada período étnico sucederia um novo período com base no anterior, porém mais evoluído que seu precedente. A base explicativa dos antropólogos evolucionistas eram as chamadas “regras gerais da civilização” pautadas nos dados etnográficos. Para a antropologia do início do século XIX, ainda incipiente enquanto ciência, vigorava uma ideia segundo a qual existia uma unidade psíquica da humanidade, isto é acreditavam que os seres humanos se diferenciavam pelo grau de evolução cultural e não racial (como defendiam os poligenistas). A ideia de evolução cultural das sociedades afirma a existência de culturas mais evoluídas em determinadas sociedades em relação a outras mais retrógradas. Nessa linha de pensamento desenvolveu-se a existência de três diferentes períodos: a selvageria, a barbárie e a civilização. A selvageria e a barbárie passaram por três estágios evolutivos (inicial, intermediário, final) até atingir o status de civilização. Desse modo, a humanidade ao longo dos milênios foi aperfeiçoando seus instrumentos de trabalho, utensílios,desenvolvendo seu conhecimento através de descobertas, novas invenções, domesticação de animais, arte, cerâmica, uso de metais até atingir o estágio mais evolutivo com a ascensão e desenvolvimento da escrita. Ainda segundo o evolucionismo cultural todas as ideias modernas (subsistência, governo, linguagem, família, religião, vida doméstica e arquitetura e propriedade ) foram fundadas em períodos anteriores. Para os defensores do evolucionismo cultural, a história da humanidade é linear e progressiva – a história da humanidade é uma só na origem.
Essa ideias tiveram muita aceitação durante o século XIX pois emergia uma necessidade de estudos sobre a sociedade e o homem. Em 1830 havia ampla discussão sobre evolução humana. Em 1959 a publicação do naturalista Charles Darwin, intitulado “A origem das espécies”acirrava ainda mais os debates e ao mesmo tempo conferindo legitimidade a teoria evolucionista. Para o filósofo Herbert Spencer a evolução biológica dos estudos de Darwin também podia ser observada, paralelamente na evolução da humanidade de formas mais simples à mais complexas. Spencer considerava a evolução biológica associada ao progresso cultural das mais variadas formas da organização social, política, religiosa e econômica. Com a descobertas de novos continentes três autores consolidaram a antropologia enquanto ciência do homem: Lewis Henry Morgan, Edward Burnett Tylor e James George Frazer. Através do método comparativo e diante da descoberta de povos que viviam no estágio da selvageria, esses autores tentaram explicar as diferenças culturais através da observação das sociedades ditas primitivas na busca de reconstruir a história da humanidade. O determinismo cultural e a ideia de superioridade de um povo, eurocêntrico, sobre os demais prevaleceu até fins do século XIX, quando o evolucionismo perde sua força e é criticado por apresentar certo etnocentrismo latente nas ideias de seus pensadores e do contexto histórico-cultural de dominação dos povos europeus.


Figura: Disponível em https://www.google.com.br/search?q=imagens+antropologia&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=89qZU66CHeq0sQT51IDoCQ&ved=0CDUQ7Ak&biw=1280&bih=869 acesso em 12/06/14.

Ideias deterministas



suposto critério
A ideia da superioridade racial é um dos típicos exemplos de construção social, baseada em fenótipos, cujo objetivo era alegar  que o homem negro, sob vários aspectos, era potencialmente inferior ao homem branco - e essas conclusões foram feitas com o aval da Ciência e do conhecimento científico. A revolução do conhecimento tentava provar, "cientificamente", a superioridade do homem branco, conduzindo suas análises segundo estudos climáticos e geográficos, pesquisas sobre o formato dos cabelos, lábios e nariz, análises cranianas entre negros e chimpanzés, comparações e outras armas modernas que colocavam os negros em condições inferiores a um símio. 

a história se repete
O neo-racismo do século XXI tentou revitalizar o status científico dessas construções sociais através de estudos do criminologista italiano Cesare Lombroso (1835-1909). Segundo os estudos de Lombroso, existem características físicas próprias que identificam a inclinação do indivíduo para cometer um delito ou pairar na criminalidade. Lombroso analisou crânios de assassinos, traçou  o perfil moral e até o uso de tatuagens e fez uma constatação: é entre os dementes que se verifica a utilização de tatuagens - a fórmula é simples: tatuagem= insensibilidade a dor, cinismo, vaidade, falta de senso moral, preguiça, etc.. O criminoso - e isto também é uma hipótese das ciências médicas, psiquiátrica e antropológica do século XX, tem uma tendência hereditária a sê-lo, está configurado para o mal independente das circunstâncias sociais em que esse indivíduo está inserido (MÜLLER, 2010).

pátria amada
No Brasil as ideias de Lombroso (Escola Positiva ou antropologia criminal) foram fecundas mesmo quando a Europa já havia percebido as dificuldades e limitações dessa teoria. Aliás, aqui logrou êxito e aceitação a ideia de que a criminalidade não tem origem social, mas biológica. O  rígido determinismo advogava que o crime não tinha relação com a organização social, as estruturas de poder, concentração de riquezas. Desse modo, o problema da criminalidade deixava de ser analisado sobre diferentes aspectos e passava a ser encarado como desvio do indivíduo-autor e do comportamento desviante.  Essas construções teóricas colaboraram somente para fomentar o preconceito clássico contra negros, pobres, homossexuais, judeus e outros grupos que, entre outras coisas, legitimava o poder policial em sua visão orgânica e a repressão.

FLORINDO, Marcos T. O serviço reservado da delegacia de ordem política e social de São Paulo na Era Vargas. São Paulo: Unesp, 2006.

MÜLLER, Maria, L. Construção social sobre a ideia de raça e as diferentes formas de classificação racial no Brasil. Cuiabá: UAB/EDUFMT, 2010.

KÄFER Josi. Antropologia criminal: conceito geral com base doutrinária de antropologia criminal. http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/6202/Antropologia-Criminal. Acesso em 24 de Set. de 2013.

Figura: Disponível em: https://www.google.com.br/search?q=imagens+antropologia&tbm=isch&tbo=u&source=univ&sa=X&ei=89qZU66CHeq0sQT51IDoCQ&ved=0CDUQ7Ak&biw=1280&bih=869 acesso em 12/06/14

Diferenças entre as Ciências Sociais e as Ciências Naturais.


Roberto Da Matta (1997) situa a antropologia no conjunto de outras ciências, porém reconhecendo que as diferenças entre ciências naturais e ciências sociais são inumeráveis. Se nas ciências naturais os estudos são feitos sobre fatos simples e isolados, visíveis e recorrentes passivos de serem manipulados, o mesmo não ocorre nas ciências sociais. Nas ciências sociais os fenômenos estudados são complexos mormente as características de seu objeto de análise, há dificuldades de isolar causas e motivações que envolvem os fenômenos. Quando dos resultados de uma pesquisa a recomendação é cautela, pois que se constituem no plano da circularidade e da sobredeterminação. Para Da Matta essa complexidade a que está submetida a pesquisa em ciências sociais, pode interferir no resultado final sobrepujando ou malogrando enquanto causalidade da aproximação entre investigador e objeto investigado. Pois como não existe imparcialidade absoluta em ciências sociais pode ocorrer que as convicções políticas e ideológicas ou qualquer outra aspiração teórica que pertença ao pesquisador venha por hipótese coadunar com a conclusão. Contudo, garante o autor, se isso ocorrer as consequências não têm as mesmas proporções daquelas que se verifica nas ciências naturais. Outra diferença trata-se da impossibilidade de reproduzir um fato social (in vitro), impossível dominar o fato social em sua totalidade. A compreensão de que nas ciências sociais os fatos ou objetos de estudos são próximos aos homens pela impossibilidade de se aventurar na neutralidade subjetiva, o sujeito conhecedor (ou aquele que busca conhecer) tenciona ainda mais essa aproximação quando da escolha dos métodos e das teorias a serem operacionalizadas. Em contrapartida, nas ciências naturais as teorias e métodos gozam de grande objetividade, pois o objeto investigado não tem como contestar o pesquisador devido a própria natureza do objeto, ou seja, pela incapacidade de questionamento, por exemplo entre um átomo (objeto investigado) e um físico (sujeito conhecedor) que o conceitua, classifica e manipula em laboratório. Da Matta denomina a natureza da subjetividade e objetividade como a diferença crucial entre as ciências naturais das ciências sociais.


DA MATTA, Roberto. “A antropologia no quadro das ciências sociais”. In:______. Relativizando: uma introdução à antropologia social. Rio de Janeiro: Rocco, 1997, pp. 17 a 27

O que é Antropologia?


Antropologia é uma Ciência que estuda diferentes aspectos da vida humana como por exemplo, os costumes, hábitos, crenças, ritos, mitos, folclore. Etimologicamente, a palavra antropologia deriva do grego antropos (homem) e logia (estudo) significando o estudo do homem. Nesse sentido, o estudo do homem abrange a diversidade cultural dos diferentes povos. Há muitos enfoques dentro da antropologia como a antropologia social, antropologia cultural, antropologia evolutiva, etc. cada corrente busca contribuir para uma melhor compreensão do escrutínio humano.

Considerada como a ciência do homem a antropologia envolve estudos sobre o homem, hominídeo, humanidade e sua cultura, culturalismo, enculturação. Explora ainda a organização social, a política e uma infinidade de temas numa perspectiva do antropos, mas baseada na racionalidade e nos fatos. A antropologia, em linhas gerais, aborda todos os campos do conhecimento, particularmente é um dos campos disciplinares das Ciências das Religiões e nesse sentido, sua contribuição para o desvelamento do fenômeno religioso numa perspectiva antropológica se articula através de análises sobre a construção do imaginário e do simbólico nas variadas culturas existentes. Enquanto campo do conhecimento a antropologia investiga o homem e sua cultura ou dito de outra forma a produção das várias manifestações culturais. Sua análise metodológica envolve estudos etnológicos, a etnografia, o relativismo cultural entre outros. Sua abordagem dentro das Ciências Sociais se ocupa com a antropologia evolucionista, o culturalismo e antropologia social e ainda com a escola sociológica francesa.

Figura: Disponível em: https://www.google.com.br/search?q=imagens+antropologia&oq=imagens+antropologia&aqs=chrome..69i57.8695j0j8&sourceid=chrome&es_sm=0&ie=UTF-8 acesso em 12/06/14